...te enviou uma
mensagem
a barrinha azul
piscante no canto direito indica mais uma chamada na madrugada;
manhã; a vontade de ignorar
a falta de coragem pra
isso
o oi seco de coração
palpitante
a ansiedade de falar; a
vontade crescente de mandar a merda
ponto final
colocar um ponto final
na história
mas nunca gostou de
pontos finais
ponto e vírgula;
;
ponto e vírgula sempre
foi mais sua cara
a indecisão;
incerteza; o não saber se é fim ou pausa
momento
ou eterno
uma risada
hauhauhauuahuauha
falsa;
um fato da vida
ok
silêncio
a foto no canto
direito, bolinha verde ao lado; o necessitar falar
o não querer dar o
braço a torcer;
feridas no ego não
curam; aumentam
a cada palavra; dita ou
não;
muitas não são; a
maioria delas
mas não há ponto
final
;
apenas
dia sim, dia não; tudo
continua
se arrastando
sem coragem
para nada
masturbar para não
chorar;
é o que há para a
noite...
*
Uma hora ele
tinha que sair de sua cripta.
Abrir as
janelas, ver o mundo.
Falar com as
pessoas.
Tomar uma
cerveja. Acima de tudo, tomar uma cerveja. É uma das vantagens de se
estar no meio de um monte de gente, a maior parte delas desconhecidos
dos quais você não se importa nem um pouco; pode-se tomar cerveja
sem parecer um alcoólatra.
E pessoas
tinham aos montes.
E uma
pessoa.
Ao longe, na
surdina, observa. Bebe. Uma cerveja, duas cervejas, dez cervejas,
onze cervejas, cervejas de perder a conta.
E observa.
Dança.
Risos. Abraços. Poses para fotos.
Um riso
perdido em sua direção. Pega para si. Não é dele. Sabe que não
é. Mas o toma de qualquer jeito. Sem permissão; sem consentimento; sem nem mesmo saber que fazia aquilo. Sorria para
ninguém o sorriso que gostava de se sentir dono. De longe. Sempre de
longe.
A solidão
nos torna cada vez mais solitários. Perde-se a habilidade do xaveco,
da conquista. Mesmo do mais inocente bate-papo. A falta de contato
humano faz desejar ardentemente qualquer tipo de contato; sem
sucesso. Não se sabe mais fazer contato. A solidão que gera a
necessidade de socializar que mostra a incapacidade de o fazer e o
desejo de se isolar.
Um círculo
vicioso que termina na garrafa de cerveja, na dose de conhaque, no
copo de uísque, em qualquer coisa alcoólica que faça a cabeça
começar a girar e induza ao sono tranquilo.
Os olhos que
veem. A necessidade latente de ir embora para não mais ver. As
pernas que andam sozinhas, a cabeça que de repente se encontra
sentada na cama, escondida entre mãos suadas.
O sono que,
uma hora, chega.
Ainda
embalado no sorriso roubado. Na noite intranquila.
O mesmo
erro; a mesma coisa de sempre. Tudo de novo.
Círculo
viciado.
*
Em todo
lugar, existem aquelas pessoas que choram e esperneiam por não
encontrar seu príncipe encantado e sua princesa na torre, e se
sentem as mais miseráveis no mundo por isso. Para desespero daqueles
que se contentariam com a bruxa, a fera, a irmã má ou mesmo o sapo,
e mesmo assim se veem fora da história.
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