Domingo. Dia de sol, de
cerveja, de juntar a galera pra fazer um churrasco e curtir um
sambinha.
Não para um
jornalista, essa criatura estranha que não faz a mínima ideia do
significado da palavra “folga”. Assim como desconhece a expressão
“acordar cedo”.
O despertador toca às
dez. Desligo ele às onze. Levanto da cama apenas meio-dia. Tenho
que encontrar dali uma hora outro colega jornalista, o Salgado.
Matéria no domingo. Ninguém merece.
Chego dez minutos
atrasado. Ninguém. Fico olhando o celular a cada dez segundos para
checar uma impossível mensagem, já que ele não tem meu número.
Para duas pessoas que estudam comunicação, é incrível como a
nossa é falha.
Ele finalmente chega,
praticamente no horário do ônibus. A primeira coisa que diz ao me
cumprimentar é “cara, como que o Thompson aguentava?” Sei lá. O
estranho é que não estou nem um pouco surpreso. Afinal, somos
jornalistas, acho. Mal nos cumprimentamos e corremos para o ponto, o
ônibus já descendo a avenida. Entramos e começamos a revirar os
bolsos: dez centavos, cinco centavos, cinquenta centavos...esvazio a
carteira, mais dez centavos perdido. Reviramos a bolsa e achamos mais
algumas moedas. Fazer vaquinha pra pagar buzão, isso é jornalismo!
Falo ao motorista que
quero descer na hípica. Um senhor fala que vai descer lá também. O
acompanhamos. Chegamos no local quase uma hora antes do combinado.
Precisamos procurar pelo Pedro, responsável pelo treino do time de
rugby. Uma volta pelo lugar: feira de agronegócio, exposição de
orquídeas, cocô de cavalo...mas nada parecido com um treino de
rugby.
Ainda era cedo, fomos
almoçar. Quinzão no “coma à vontade”. Comemos. Repetimos.
Repetimos de novo. Repetimos ainda mais um vez. A dona do local
começou a olhar torta pra gente. Repetimos uma última vez e fomos
embora. Não que a comida estivesse particularmente deliciosa, mas
aquela era a primeira vez na semana em que ambos se deparavam com um
bom almoço: arroz, feijão, bisteca, couve...comida DE VERDADE! Não
aquele miojo feito às pressas apenas para ter algo pra forrar o
estômago, ou aquela coxinha que é devorada sem nem sentir o gosto
direito enquanto se termina de digitar uma matéria que já está com
o deadline vencido. Isso é jornalismo!
Nosso contato tinha
dito que o treino começava às três. Mais uma volta pelo local.
Nada. Dez minutos. Nada. Vinte minutos. Nada. Meia hora. Nada.
Quarenta minutos e desistimos , já pensando em outra matéria para
ser feita até o dia seguinte. Na rua nos deparamos com uma placa que
indica “centro hípico” na direção oposta de onde estamos.
Fomos até o tal local. Sem movimento. Ao longe, vemos uma garota
bonita se exercitando...não deve ser o treino de rugby...ela começa
a levantar um pneu de caminhão...só pode ser o treino de rugby.
O resto não interessa.
Falamos com as pessoas, fizemos perguntas, ouvimos respostas. elas
nos agradeceram por fazermos um trabalho que preferiríamos não ter
feito. A mesma coisa de sempre. Não vale entrar em detalhes sobre
isso.
Porque, às vezes, a
jornada é mais interessante do que o fim dela. E isso é jornalismo.
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