segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Domingo

Domingo. Dia de sol, de cerveja, de juntar a galera pra fazer um churrasco e curtir um sambinha.
Não para um jornalista, essa criatura estranha que não faz a mínima ideia do significado da palavra “folga”. Assim como desconhece a expressão “acordar cedo”.
O despertador toca às dez. Desligo ele às onze. Levanto da cama apenas meio-dia. Tenho que encontrar dali uma hora outro colega jornalista, o Salgado. Matéria no domingo. Ninguém merece.
Chego dez minutos atrasado. Ninguém. Fico olhando o celular a cada dez segundos para checar uma impossível mensagem, já que ele não tem meu número. Para duas pessoas que estudam comunicação, é incrível como a nossa é falha.
Ele finalmente chega, praticamente no horário do ônibus. A primeira coisa que diz ao me cumprimentar é “cara, como que o Thompson aguentava?” Sei lá. O estranho é que não estou nem um pouco surpreso. Afinal, somos jornalistas, acho. Mal nos cumprimentamos e corremos para o ponto, o ônibus já descendo a avenida. Entramos e começamos a revirar os bolsos: dez centavos, cinco centavos, cinquenta centavos...esvazio a carteira, mais dez centavos perdido. Reviramos a bolsa e achamos mais algumas moedas. Fazer vaquinha pra pagar buzão, isso é jornalismo!
Falo ao motorista que quero descer na hípica. Um senhor fala que vai descer lá também. O acompanhamos. Chegamos no local quase uma hora antes do combinado. Precisamos procurar pelo Pedro, responsável pelo treino do time de rugby. Uma volta pelo lugar: feira de agronegócio, exposição de orquídeas, cocô de cavalo...mas nada parecido com um treino de rugby.
Ainda era cedo, fomos almoçar. Quinzão no “coma à vontade”. Comemos. Repetimos. Repetimos de novo. Repetimos ainda mais um vez. A dona do local começou a olhar torta pra gente. Repetimos uma última vez e fomos embora. Não que a comida estivesse particularmente deliciosa, mas aquela era a primeira vez na semana em que ambos se deparavam com um bom almoço: arroz, feijão, bisteca, couve...comida DE VERDADE! Não aquele miojo feito às pressas apenas para ter algo pra forrar o estômago, ou aquela coxinha que é devorada sem nem sentir o gosto direito enquanto se termina de digitar uma matéria que já está com o deadline vencido. Isso é jornalismo!
Nosso contato tinha dito que o treino começava às três. Mais uma volta pelo local. Nada. Dez minutos. Nada. Vinte minutos. Nada. Meia hora. Nada. Quarenta minutos e desistimos , já pensando em outra matéria para ser feita até o dia seguinte. Na rua nos deparamos com uma placa que indica “centro hípico” na direção oposta de onde estamos. Fomos até o tal local. Sem movimento. Ao longe, vemos uma garota bonita se exercitando...não deve ser o treino de rugby...ela começa a levantar um pneu de caminhão...só pode ser o treino de rugby.
O resto não interessa. Falamos com as pessoas, fizemos perguntas, ouvimos respostas. elas nos agradeceram por fazermos um trabalho que preferiríamos não ter feito. A mesma coisa de sempre. Não vale entrar em detalhes sobre isso.
Porque, às vezes, a jornada é mais interessante do que o fim dela. E isso é jornalismo.

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